Maktubes de Paulo Coelho: O mestre zen, o aldeão e a égua

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O mestre zen, o aldeão e a égua

Maktub, por Paulo Coelho

Certa vez, necessitando de conselhos, um aldeão procurou o homem mais sábio que conhecia e foi bater à porta do templo, lar de um venerável mestre zen. Quando colocado diante deste, o aldeão apressou-se a falar.

_Mestre, todas as mulheres da nossa aldeia já estão casadas e as poucas solteiras são muito jovens para o matrimônio. Como posso satisfazer as minhas necessidades sexuais de forma adequada, visto que o prazer solitário já não me completa? Enfim, onde posso encontrar uma mulher?

Então, o velho sábio falou-lhe, muito pausadamente:

_Vá até a floresta, meu filho...
_Sim, mestre! _Interrompeu-lhe o aldeão. _Muito obrigado!
_Espere, não terminei! No meio da floresta há um riacho e perto das margens, uma pequena cabana. Ali reside uma mulher...
_Obrigado, mestre! Não sei como lhe agradecer pelo conselho!
_Espere! Essa mulher não poderá saciar vossos desejos, pois é nonagenária...
_Mas, então, porque motivo devo procurá-la? _perguntou o homem, decepcionado.
_Ela tem uma égua, meu filho...
_Obrigado, mestre! Não era bem o que eu queria, mas já serve! 

O aldeão tomou seu rumo e foi procurar a velha que vivia em uma cabana, no meio da floresta, perto do riacho. Ao chegar ao local, encontrou a anciã e esta indicou-lhe a estrebaria, onde a égua estaria pastando. Com a mão direita estendida, indicou-lhe que o pagamento era adiantado.



Quase seis meses depois, o aldeão voltou ao templo para aconselhar-se novamente com o mestre zen.

_Mestre, não quero que me entenda mal, a égua até que tem seus encantos e dela me sirvo há quase meio ano, mas o que eu preciso mesmo, é de uma mulher!
_Então, meu filho. Como eu estava tentando lhe dizer da outra vez, quando encontrares a cabana no meio da floresta, junto às margens do riacho, fale com a velha senhora e diga-lhe que quer alugar a égua. Feito isso, monte no animal, cruze o riacho e cavalgue até a aldeia vizinha. Lá você vai encontrar um bordel, onde, tenho certeza, poderá aliviar-se com as meretrizes.

Moral da estória: “Escute sempre os mais velhos, sem interrompê-los”.

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